Desordem e progresso
















Poderia ter pego qualquer outra peça para fazer uma reflexão sobre o que acredito ser hoje meu processo de trabalho.  Não houve nenhum critério científico elaborado a mil maravilhas pela escolha deste desenho. Foi o na-falta-de-tu-vai-tu-mesmo. Espero que sirva para alguma coisa. Pelo menos deixo registrado para gerações futuras que desencavarão por pura falta de interesse em outra coisa para fazer estas preciosidades verborrágicas.

O desenho de 196x120 cm que tem o nome provisório 8715. Esta numeração é dada aos arquivos de imagens conforme são criados um após o outro em sequencia. O arquivo 8715 serve de guia para a composição final do desenho, pintura ou até uma arte digital. Para começar o trabalho recorro ao 8715 para dar as diretrizes de espaço. Posso traçar algumas linhas dividindo a tela em áreas mais ou menos importantes. Juro que não sei o que elas separam ou priorizam como ponto de leitura.



Pode ser que o arquivo visual do 8715 estabeleça um ponto onde começar a manchar massas vermelahs com linhas amarelas e bolas verdes no canto superior direito. A leitura de cada detalhe é interpretada isoladamente do resto do trabalho. Pode ser grande, pequena, azul, amarela, verde, bolinhas, fios, redemoinhos, quadrados, pinceladas grossas, esparsas ou qualquer coisa que lembre vagamente aquele ponto escolhido para iniciar a obra. Neste momento a mão irá finalmente determinar o resultado escolhido para aquela área. Aqui vale a regra o que deu para fazer e gostei de fazer isso. Hoje o meu longe de regras observadas em outras disciplinas visuais.


Preciso registrar esta frase antes que esqueça:
Posso dizer que além de 'desordem e progresso' nas etapas iniciais existe o 'desordem é processo' que dura durante todas as fases de produção da obra. Ela é proposital. Ela é repensada e retomada a cada momento que possa haver uma recaída voltada para disciplinar o processo desordenado de fazer a arte. Aqui a desordem é a regra. A desordem é o processo. Busco harmonia através da desordem. E fico atento para não burocratizar os processos e asfixiar o progresso.








Imagens, como a 8715, que servem de apoio ao processo de desordem. São a única espinha dorsal do da obra, mesmo que nada reste de sua estrutura inicial na obra final.









Cada galho, folha, flor, céu, água, reflexo, árvore, planta, terra, chão, ar, vento, erro de captura de imagem, repetição, elementos pixelizados, desfocados e reunidos, colados e desmenbrados pela atração, texturizados, e etc são reinterpretados através das limitações do meio utilizado naquele momento para fazer a obra. Como sou um instrumento faço o que posso, sai o que dá.




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